Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

29
Fev 20

Sem Título.jpg

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:19

27
Fev 20

87578512_3418825118134930_1483809710690795520_n.jp

 

88060055_3418825248134917_2102491078140624896_n.jp

 

88307160_3418824844801624_2062334877679747072_n.jp

Novo livro de Francisco Luís Fontinha

Preço – 14,90€

Para encomendas, mensagem privada.

À venda na papelaria miminho – Alijó.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:24

24
Fev 20

Acordava do sono emagrecido,

O homem da nuvem embriagada,

Cansado,

Perdido,

E, reclamava,

E, gritava,

A palavra enfeitiçada.

E, hoje, nas camufladas ruas da cidade esquecida,

Embrenhado na poesia, a canção do adormecido,

O homem, cansado, denegrido,

Escreve sem ânimo,

Desiludido…

Dos alicerces envergonhados.

Rezam pela sua alma,

Coitado,

Sem nome,

Degolado pela tempestade,

O homem, o mesmo homem, o cansado,

Pegas nas palavras da reza em seu poder,

Desorganiza-se,

Veste-se de negro,

Negro, negrito, negrinho,

Como o gato do vizinho,

Dançando na eira das espigas adormecidas.

As sombras do silêncio,

A alvorada da sinfonia que jaz na ribeira,

O rio, em delírio,

O rio, desconectado da vida,

E, corre,

E, dorme,

Nas almas do mar.

O mar tudo engole, e, tudo mastiga,

Pessoas, lixo, palavras, o vento…

Uma laranja, sofre,

E, vive,

E, morre,

Dentro da laranja adormecida.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

24/02/2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:57

16
Fev 20

86665335_3393221347361974_6194640659689766912_o.jp

Negrito, negrito,

Grito,

Gato,

To,

Miau.

Negrito,

Passeia-se pelo destino,

Desenha no pavimento,

Um grito,

Ou silêncio de menino.

Negrito, negrito,

Quando o cansaço acorda,

Corda,

No pescoço do periquito.

Negrito, negrito,

Assobio,

Matinal alvoroço,

Em fastio,

O tio,

Demãos no bolso.

Negrito,

Negrito, pois então,

Calma, calma companheiro,

Que ele, o gatito,

Não é difícil de passar a mão.

Ai, negrito,

Então, pois, é negrito…

Finge-se de morto,

Morto morrido,

Gato, gato vadio,

Vadio de ter sentido,

No pulso,

Nas mãos,

A espingarda da loucura,

Dura, negrito, dura,

Sem perceber que há um grito,

Uma palavra na ternura.

Negrito, negrito,

Negrito,

Guito,

Guito.

Negrito.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

16/02/2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:17

14
Fev 20

Uma rosa,

Rosa,

Rosa,

No teu corpo,

Corpo,

Corpo, rosa.

Um sorriso,

Riso,

Palavras,

Lavra,

No poema,

Ema,

Riso,

Rosa,

Cama.

Um silêncio,

Lêncio,

Algures na madrugada,

Ugada,

Ada…

Uma pedra,

Pedra,

Nas palavras,

Lavras,

Quando acorda a noite,

Noite,

Oite…

Uma rosa,

Rosa,

No amor,

Rosa,

Mor,

Flor,

Lor,

Dor.

Uma pirâmide de giz,

Na ardósia nocturna da serpente,

Mente,

Ente.

Do ponto,

Onto,

Nada.

Nada, de mim.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

14/02/2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:42

10
Fev 20

84527191_3378198915530884_5861019265267662848_o.jp

60 x 80 acrílico s/tela – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:17

A rua deserta, imune ao silêncio das pedras,

O cansaço das árvores, quando desce sobre a terra a soldão nocturna das acácias em flor,

Um automóvel vomita lágrimas de fumo,

Uma criança brinca na sombra dentada da tarde,

E, mesmo assim, as flores dormem nos abstractos muros da insónia.

É tarde,

O relógio emagreceu com o tempo,

A tempestade de areia, silenciada pelas pedras em silêncio,

Que a madrugada faz florescer,

Acordam as trombetas,

As árvores, tombam à sua passagem,

Como soldados rebeldes,

Como espingardas revoltadas,

Com os homens,

Como os homens.

A noite alicerça-se aos candeeiros do medo,

Como as pedras do silêncio na manifestação junto ao rio,

A revolta contra a noite,

As nuvens emagrecidas, tontas, derramas as suas lágrimas nos arrozais,

Sem em delírio, sempre em manifestação, os homens, as mulheres,

Contra o silêncio das crianças,

Que brincam,

Que brincam na eira do milho amarelado pelo cacimbo,

O cão lateia, chama pelo dono,

Ao fundo,

A aldeia em chamas, lágrimas de prata,

Quando toda a cidade envenenada pela amargura,

Sente, sofre, a desgraça da ditadura…

Como é lindo ser pedra em silêncio,

Lápide ao cair da noite,

Palavras mortas,

Palavras tontas,

Que o menino escreveu, nas paredes da fragrância, deixando ao acaso, um caderno assassinado pelas quadrículas lamentações.

O tempo se esquece,

O almoço na mesa,

A fome de palavras, dos livros enamorados pela madrugada.

Sinto. Sinto-te neste labirinto de insónias.

Ao deitar, todas as drageias.

Que as areias alimentam.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

09/02/2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:45

04
Fev 20

84119804_3366909149993194_7169155136990740480_o.jp

Francisco Luís Fontinha – Alijó.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:48

03
Fev 20

83883772_3364666333550809_968260124449701888_o.jpg

Em construção. 60x80 acrílico s/tela. Francisco Luís Fontinha – Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:50

O regresso nunca mais.

A terra húmida, depois das lágrimas da tarde,

Ficou lá, no outro destino do menino dos calções.

Todas as sombras, choram, ditam palavras aos esqueletos de silêncio,

Que as mãos, trémulas, seguram, enquanto cai a noite,

O corpo, levita, desassossega na madrugada,

Sente-se o vento, negro, prateado, nos lábios do Diabo,

O regresso…

Nunca, nunca mais,

Porque a solidão namora as flores em papel, do jardim imaginário.

E o menino, com o tempo, cresceu.

Um relógio de luz, quando acorda o menino,

Alicerça-se nos braços lânguidos que o espaço alimente,

Dos calções, nada, nem a cor se aproveita,

Talvez, as árvores, as árvores plantadas por ele,

Hoje, nada, como os calções,

Pedaços em madeira, trapos, lágrimas desajeitadas…

Tudo, tudo morre, naquela terra prometida.

O mar, enfurecido, sacia-se nas rochas metamórficas do cansaço,

Um barco, espera pelo menino dos calções,

Estaciona-se junto à cidade,

Homens, marinheiros, mulheres, sem fazerem nada,

Espera que regresse o menino,

De longe,

De nada,

Ninguém.

O regresso nunca mais,

A terra húmida, depois um finíssimo fio de nylon,

Procura na multidão da cidade, o menino prometido,

Da terra sonâmbula,

Que o viu perder-se,

No meio do capim.

Machimbombos tropeçam nas finas lâminas da saudade,

Porque apesar de tudo, sempre, o menino, viveu na saudade,

De regressar, um dia,

À sua cidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

03/02/2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:09

Fevereiro 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
15

17
18
19
20
21
22

23
25
26
28


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO