O tempo que passa,
Desassossega o desespero,
Finto a vaidade,
Perco o emprego,
Vagueio na distância,
Ilumino-me,
E, perco-me no cansaço dia.
Tenho pena,
Daqueles que por lá passaram,
E, desavergonhadamente,
Lá continuam,
Esperando as pedras que caiem do silêncio,
Aos poucos,
Em cio,
Os pássaros loucos,
No desvaneio da solidão.
O tempo passa,
A fome aperta,
Neste desespero acontecimento,
Dos novos marinheiros,
Entre sexos e chapas de zinco,
O rio, comem-me,
Quando a maré se abraça ao cansaço.
Todas as vezes, algumas, o tempo passa,
O mar envaidece-se de sonolências madrugadas,
Calcárias manhãs de Primavera,
Ao deitar,
Sobre o travesseiro da insónia,
Esqueço-me de acordar,
Tomo café, todos os dias,
E, vejo no jornal, a minha foto,
Necrologia,
Perdidos e achados,
Despeço-me,
Até logo,
Abraços.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
28/03/2020