Porque amanhã é sábado
As perdizes deitam-se na almofada da noite
E do rio que corre para o mar
Levantar-se-á uma tulipa na alvorada,
Um canganho é cuspido pela geringonça
E abraça-se ao chão lavrado da manhã
As horas adormecem no mostrador embaciado…
E porque amanhã é sábado,
As sandálias das ervas daninhas
Mergulham nas sombras de cigarros acesos,
O vento vem e traz sementes de girassol
E crescem sorrisos junto ao néon,
Levantar-se-á uma tulipa na alvorada
Em cada cansaço de mim
O mar que acolhe o rio…
Do mar que olho o jardim,
Porque amanhã é sábado
As perdizes deitam-se na almofada da noite,
E nas minhas mãos embrulhadas em papel de cetim
Um papagaio suspende-se no teto das nuvens…