Olho-te, olho-te na claridade
Do espelho da manhã,
Olho-te, olho-te como se fosses a madrugada
Que aos poucos se ergue da minha mão,
O nosso quarto transpira sorrisos
E da cama o nevoeiro enfermo da noite
Silenciosamente amarrotado no soalho…
Olho-te e desejo-te quando descem as estrelas
E poisam no parapeito da janela,
O cortinado aos saltinhos encosta-se à parede
E eu olho-te, olho-te na claridade
Do espelho da manhã,
Olho-te, olho-te quando acaricias
O algodão doce que adormece no céu,
E uma gaivota teimosa…
Olha-nos da janela engasgada no mar,
Sorris…
E a gaivota lança-te um beijo,
E eu olho-te
Enquanto desenhas pássaros nos lábios da noite…
E espero a claridade…
Para te olhar no espelho da manhã.