Acorda a noite
E a solidão desce pelo meu corpo,
Estar só
E a solidão em pedacinhos
Que se penduram na janela,
Preciso de um abraço,
Abrir a janela e pedir socorro,
Ajuda…
Gritar às estrelas,
Cerrar hermeticamente a janela
E abraçar-me à sombra do meu cachimbo,
Construir desenhos na areia
Com o fumo aromático que se evapora no néon
E dos meus braços sorriem ramos de acácias,
A solidão dói
E magoa,
E o abraço desejado
Que não vem,
E o abraço prometido
Escondido nas pétalas de uma rosa…
Vermelha
Em lágrimas,
E acorda a noite
E ninguém,
E nada,
Tudo e todos ausentes,
Os pássaros,
As árvores,
Os rios e o mar…
E a lua,
E eu,
E nada…
Para me abraçar,
Sussurrar-me ao ouvido,
Nada, ninguém,
Nem o vento nem a chuva,
Acorda a noite
E a solidão desce pelo meu corpo,
E eu escondo-me debaixo de uma cadeira,
Olho a janela,
E ninguém e nada…
Que me possa abraçar!