Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Set 11

Oiço a voz cansada do fim de tarde

Nas entranhas dos socalcos mastigados

Oiço o levitar agitado da manhã

Enquanto me sento e levanto

 

E corro entre o xisto magoado

Prendo-me ao monitor do computador

E da janela oiço a voz cansada do João

Do Manuel do Zé do Carlos e das nuvens em solidão…

 

E do António agarrado a uma flor

Sonâmbulo sobre quatro rodas do trator

Oiço oiço o Manuel a gritar…

- Doze e dezoito

 

Impossível penso eu

Deve ser das ondas do mar

Olho o céu

E oiço o Manuel a cantar

 

Enrolado nos braços do Rui

Oiço as pedras sobre o pôr-do-sol

E o Manuel a ateimar

- Doze e dezoito

 

Impossível de dar

Não há uva que resista

A tanto chorar…

 

Cerro a janela

E desligo-me do douro adormecido

Deixo a uva bela

Na cuba a fermentar

E amanhã do meu corpo dorido

Vão crescer sonhos de sonhar…

 

E oiço oiço um cão a ladrar

Na paisagem ente o rio e a montanha

Socalcos mastigados

Na garganta de uma aranha

 

Oiço a voz cansada do fim de tarde

Nas entranhas dos socalcos mastigados

 

E das lâmpadas do céu-da-boca

Acordam os meus lábios apaixonados…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:31

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