Qualquer coisa de estranho na minha voz
Quando alicerço os meus olhos nos malmequeres
Que dormem junto ao cais
Qualquer coisa esquisita na minha mão
Um cansaço silencioso
Dentro do meu peito
Quando a coisa estranha da minha voz
Sobe ao cume da montanha
E o rio desce ruidosamente
E ninguém o a apanha
E sem jeito
Abraça-se ao mar
E nas estrelas um sorriso de gente
Lábios de menina nas gaivotas de amar…
Enrodilham-se os malmequeres que adormecem junto ao cais
Nos versos entalados no luar
A menina esconde-se nos lençóis de relva fresca da manhã
E dos versos acordam as silabas embebidas na maré
Baixo os braços
E cerro hermeticamente
Os lábios da noite
E funde-se um protão
Dentro do meu peito
E o meu corpo fica escuridão
Um buraco negro mergulhado nos malmequeres junto ao cais
Os que dormem
E sonham
E amam todos os pássaros do céu.