O infeliz quando se imprime
No espelho da noite,
Eu abraçado aos cobertores da insónia
À procura de uma janela,
Saltar
E de baraços escancarados…
Voar
Entre a luz da solidão
E o azul do mar,
Cerrar os olhos eternamente
E adormecer debaixo do xisto da montanha,
O infeliz que sou infelizmente
E se imprime no espelho da noite,
Saltar
E enquanto o meu corpo vacila
E toca na copa das árvores,
E enquanto uma gaivota se alicerça
Às minhas pernas de sono,
As estrelas abraçam-me,
E todas me beijam,
Saltar
E cair no silêncio de um lençol
Poisado sobre as chávenas do pequeno-almoço,
E do relógio esquecido e sem alimento
Que na parede adormece,
A saudade
As estrelas abraçam-me,
E todas me beijam,
Eu,
O infeliz quando se imprime
No espelho da noite,
O infeliz que sou infelizmente…