Oiço a voz da solidão
Que vem do jardim sem flores
Oiço o vento na minha mão
Na manhã de horrores,
Oiço a voz da solidão
Misturada nos lábios de uma canção
Oiço a revolta do mar
Nos olhos de uma gaivota incapaz de voar,
Oiço a voz da solidão
Que dá ao meu corpo a ferrugem do amanhecer
Oiço o sol inquieto e sonolento
Que traz o vento
Aos dias sem viver…
Oiço a voz do meu coração
Nas palavras que tenho medo de escrever,
Oiço a voz da solidão
Nos livros que recuso ler
E nas palavras que quero escrever…
Oiço a voz da minha mão
Pendurada na manhã a morrer.