O sono engole-me
E a tarde desaparece entre as acácias,
Dentro de mim entram personagens
Abraçadas a palavras,
E sem me dar conta – nasce o texto
Vejo-o pendurado no cortinado
À janela do mar que se prende à maré,
O texto esfrega os olhinhos,
E o sono engole-me,
E a tarde entre as acácias
Desaparece como um voo de gaivota…
Traçado no azul do céu,
- Poiso o sonho sobre a mesinha de cabeceira
E o livro dos sonhos quietinho,
E o livro dos sonhos…
No meu silêncio de noite,
Que o texto desapareça nas palavras
Abraçadas às personagens que se alimentam de mim,
Vivem dentro de mim como as pedras no interior da montanha,
E o texto disfarçado de rio,
Corre,
Corre meigamente para as tuas coxas,
O sono engole-me
Na tarde de sábado…
E as personagens abraçadas a palavras
Acariciam-me o rosto amarrotado,
O texto esfrega os olhinhos,
E o texto termina-se no sono da tarde…