Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

27
Out 11

João espera e desespera a chegada de Sofia, a cama encostada ao fogão na cozinha, os pássaros, os pássaros sob o céu cinzento da quinta, a casa despede-se da manhã,

- “ faço tudo o que elas querem mas nunca tiro o chapéu da cabeça para que se saiba quem é o patrão”,

E Sofia não vem, nunca ao meu lado, desço à garagem e olho o barco que estou a construir e logo que pronto e logo que chegue a Sofia zarpamos pelos terrenos de Palmela em direção à noite,

Ela nunca ao meu lado,

- conto os pássaros da quinta, e hoje não quinta e hoje não pássaros,

E hoje,

Hoje não Sofia,

João espera e desespera,

O pai do João estacionado na clinica,

- “ faço tudo o que elas querem mas nunca tiro o chapéu da cabeça para que se saiba quem é o patrão”,

E percebo que nunca existiu nenhuma Sofia, e percebo que nunca existiram pássaros na quinta de Palmela, e percebo,

- “ faço tudo o que elas querem mas nunca tiro o chapéu da cabeça para que se saiba quem é o patrão”,

Eu sei pai, eu sei,

João espera e desespera a chegada de Sofia, a cama encostada ao fogão na cozinha, os pássaros, os pássaros sob o céu cinzento da quinta, e um livro a que A. Lobo Antunes chamou O Manuel dos Inquisidores…espera e desespera pela chegada de uma Sofia, espera e desespera pela chegada de um João…

Ao cair da noite.

 

(Inspirado e baseado no livro de A. Lobo Antunes “O Manual dos Inquisidores”)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:14

Outubro 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO