O poema constrói-se no púbis da madrugada
E gemidos e ais
Se abraçam ao néon embriagado da noite,
Tu sorris-me com o silêncio dos lábios,
E as sílabas do sofrimento
Na sombra da minha mão
Que pausadamente constrói o poema
Junto à areia do mar,
Dispo o poema
E acaricio-lhe as vogais mergulhadas em desejo,
E das coxas de uma quadra…
Acorda uma flor encarnada,
O poema torce-se e roda sobre o meu corpo,
E o meu corpo é o mar
Que engole o poema,
E o poema ama-me e eu amo loucamente o poema
Quando o rio sobe as escadas do prazer,
E o poema cansado
O poema feliz
Por ser amado e desejado
Pelo meu corpo vestido de mar…