Nada me espera ao final da noite,
Abro a janela e invento o mar
E vejo os barcos à sombra dos plátanos,
E sinto um rio a chorar,
Nada,
Nada me espera ao final da noite,
E invento um homem,
Invento-me,
E deito-me sobre as lágrimas
Dos malmequeres,
Nada me espera ao final da noite…
E os barcos à sombra dos plátanos
Presos às coxas gordas do silêncio,
Nada me espera,
Nem espero ninguém,
Nada me espera ao final da noite,
Abro a janela e invento o mar
E vejo os barcos à sombra dos plátanos
E sinto um rio a chorar,
E vejo um rio
Abraçado aos socalcos invisíveis
Onde habita um homem invisível, eu,
Que ninguém espera ao final da noite…