(dedicado à noite de Lisboa)
Há uma corrente de aço
Que aprisiona as minhas mãos aos braços do rio
Há um barco enorme à deriva no rio
Há um rio sem fundo
Que engole o barco
E as minhas mãos e a corrente de aço
Há o meu corpo travestido nas esquinas da cidade
Espera pelo engate
E que a luz da vida se acenda
Há um corpo que vagueia nas sombras da pobreza
E que procura migalhas no pavimento da cidade
E a cidade ergue-se e voa em direção ao mar
Há uma corrente de aço
Que aprisiona as minhas mãos aos braços do rio
Há um barco enorme à deriva no rio
E nas esquinas da cidade
Há o meu corpo travestido
Encadeado pelas sombras da noite