(desenho de Luís Fontinha/MiLove)
Não passas de um rio confuso
Olho-te
E sentado na rocha da noite enterro as minhas palavras nas tuas águas
Olho-te e não passas de um rio confuso
Frio
Ausente e que corres para o mar
Olho-te e peço-te que me leves até ao mar
Peço-te
Olho-te e não me ouves
Porque és um rio confuso
E curvas e curvas e curvas às voltas dos socalcos
E frio
E não consigo alcançar-te debaixo das nuvens
E tu prisioneiro a um cordel
E baloiças e baloiças no céu
Olho-te
E não me ouves
Olho-te e desistes de mim
E eu
Olho-te e não me ouves
E eu peço-te e não me levas a ver o mar
Sabes? Nunca abracei o mar…
Consegues desenhar na minha mão o mar?
Claro que não… porque não passas de um rio confuso
E frio
E que não me ouves
E eu
E eu peço-te que me mostres o mar
Como fazes quando me desenhas na testa
O pôr-do-sol…