Pingos de luz
Descem das nuvens de néon
E da manhã o relógio pendurado na sala
Com tosse
Engasgado na solidão deste sábado triste
Neste sábado amarrado aos pingos de luz
Uma flor embalsamada
E que de morte natural desapareceu na primavera
Entra-me pela janela
E ressuscita como um livro de poesia
Que arde cansativamente na fogueira da solidão
Pingos de luz
Pingos de luz
Descem das nuvens de néon
E pareço uma pedra atirada por uma criança
Contra as asas do mar
O mar engole-me
E desço das nuvens de néon
E desço transformado em pingos de luz
E desapareço nas lágrimas da flor ressuscitada…