Do espelho do guarda fato
As folhas dos plátanos que se despendem da vida
Uma sombra de silêncio atravessa-me e corta-me em pedacinhos
E fico sem perceber o que quer de mim a manhã…
Do espelho apenas as lágrimas
Um fio de luz que entra pela janela do mar
No espelho os pedacinhos de mim
Que voam entre a parede e o soalho
Do espelho vejo-me agachado dentro do rio
A semear sorrisos nos socalcos
E as flores do meu quintal
Que brincam nas nuvens da manhã
Não chove
E o sol desapareceu antes de acordar
O rio leva-me para longe
E na minha mão uma folha de plátano
E da minha mão
O espelho do guarda fato escondido nos meus olhos
A manhã de outono
Simples quando adormece nas candeias da cidade
No chão das ruas abrem-se fendas
E no céu os poemas escrevem-se como gotinhas de água…
Que quando cair a noite
Vão poisar sobre os pedacinhos do meu corpo