Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Nov 11

A bicha bolorenta da tarde

Passeia sobre os nardos da noite

Debaixo do braço um livro de poesia

A noite come todos os poemas

E a poesia morre na garganta do desejo

Evaporo-me

 

Transformo-me no livro de poesia

Páginas e páginas e páginas em branco

Poemas ocos

Palavras cansadas de caminhar na relva

Onde o corpo da bicha bolarenta dorme

E sonha

 

Evaporo-me

Dentro do desejo da garganta

E os poemas ocos comem-me

Evaporo-me

A noite come os poemas

E os poemas comem-me…

 

Saboreiam-me nas sílabas

E o sumo das minhas palavras

Alimentam a bicha bolorenta da tarde

Percebo que não sou nada

Não trabalho

E sou feliz dentro da bicha bolorenta da tarde…

 

Um livro de poemas vazio

Meia dúzia de telas encarnadas

Penduradas na janela virada para o invisível

E as escadas descem

E o meu corpo feliz dentro da bicha bolorenta da tarde

 

Evapora-se.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:17

Novembro 2011
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