O vazio das horas
Quando rompem repentinamente
Os dias ocos
E encharcados de solidão,
Penduram-se na janela
As flores estupidamente mortas
Com pássaros estupidamente adormecidos,
Estendo os braços
Cerros os braços,
Dou-me conta que estou vivo
E tal como ontem,
Anteontem
E amanhã…
Nada aconteceu
Nada previsto acontecer,
O vazio das horas
Quando rompem repentinamente
Os dias ocos
E encharcados de solidão,
As flores estupidamente mortas
Com pássaros estupidamente adormecidos,
E eu,
E eu estendo os braços
Cerros os braços,
E dou-me conta que estou vivo
E sou um mecanismo
Composto por milhões de pequeninos mecanismos…
Que me fazem estender os braços
E cerrar os braços,
No vazio das horas
Quando rompem repentinamente
Os dias ocos
E encharcados de solidão…
E é assim a minha vida.