Alimento os teus lábios
Com a minha boca em sílabas
E no teu olhar construo um silêncio
Só meu
A minha mão esquecida
No interior da tua roupa
E no teu corpo
Escrevo poemas
Os poemas multiplicam-se na madrugada
E o teu corpo em brasa
Em chama ardente de mim
E os poemas transpiram
Crescem na noite
Alimento os teus lábios
Com a minha boca em sílabas
E as minhas mãos ficam cansadas
Órfãs dos teus cabelos
- gosto dos teus cabelos
Gosto das tuas mãos
Que pegam nas sílabas da minha boca
E as depositam no canteiro do meu pescoço
Junto ao mar
Sobe a maré dentro de ti
E as tuas asas abrem-se
E levitas em direcção ao luar…
E no teu olhar construo um silêncio
Só meu
Com as sílabas da minha boca.
FLRF
29 de Março de 2011
Alijó