Em cada milímetro quadrado
Do teu belo
Corpo de algodão
Vou escrever
Plantar uma rosa em movimento
Uniformemente acelerado
Sem medo de me perder
Com medo de voar
Vou nas madrugadas
Despedir-me do luar
Pintar-me de negro e esconder-me nos teus braços
Ficarei inerte
Suspenso na tua madrugada
Observando com o meu olhar despedido
O teu corpo que se diverte
Se passeia nos degraus da minha praia.
Em cada milímetro quadrado
Do teu belo
Corpo de algodão
Acende-se a candeia do anoitecer
Depois de um cansativo dia
Pedindo permissão
Para se despedir
Ausentar
Por cinco minutos apenas
Só
O teu belo
Corpo de algodão
Fica pronto para eu escrever
E não sei por onde começar
Tenho medo de te magoar
Tenho medo de te perder.
Em cada milímetro quadrado
Do teu belo
Corpo de algodão
Não tenho a certeza
Se nele quero escrever
Certamente
Outras coisas havia para fazer
Do que simplesmente escrever
Simplesmente dizer.
Luís Fontinha
Alijó