Às vezes esqueço-me que sou humano
Penso ser
Não ser humano
Ser
Uma integral dupla
Com limites da paixão
Ao ser
Ser poeta desencontrado
E tal como um pintor
Que faz nascer traços na tela
Eu dou vida ao papel
A minha tela
E a esferográfica
Os pincéis do pintor
Às vezes esqueço-me que sou humano
Penso ser
Não ser humano
Ser
As lágrimas do teu rosto
No acordar da noite
E o dia cansado
Despede-se do teu olhar
Do ser ausente
Iluminado
Eu ser
Ser poeta desencontrado
Às vezes esqueço-me que sou humano
Penso ser
Não ser humano
Ser
A distância que nos separa
Não é distância física
Barreiras papáveis
Mas nesta distância imaginária
Fictícia na luz que nos ilumina
Penso ser
Não ser humano
Ser
Poeta desencontrado.
Luís Fontinha
Alijó