Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

07
Mar 12

Apenas uma janela de tungsténio

Me separa do mar

Oiço-o mas não o vejo

Sinto-lhe as mãos sobre o meu rosto

Quando das paredes de vidro do cubo

Uma abelha cintila e chama a noite

Os cortinados cerram-se

E caminham em direção ao imaginário mundo adormecido

Me separa do mar

E vejo o meu rosto curvilíneo

Projetado num beijo

Em desejo

Na boca do cansaço

Que desce pela garganta de um cigarro fictício

Embrulhado em fumo tricolor

E as paredes do cubo começam a engordar

 

(estou só)

 

O magala de mãos na algibeira

Olha o rio

E uma sombra abraça-o

E ouvem-se gemidos geométricos

Dentro do cubo de vidro

O espelho finge orgasmos

E o candeeiro mergulha no papel de parede

Depois de acordar a noite

Depois do prazer

Antes de todas as nuvens extinguirem-se contra as rochas

Às quatro horas da madrugada

Noite cinzenta

 

(estou só)

 

E o Tejo deixa de ser Tejo.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:20

Março 2012
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