Sentado
À direita de um cachimbo
De água, (que sobre a minha secretária
Adormece, sonha e alimenta-se
Das minhas lágrimas nocturnas…)
Eu, senhor do infinitamente só,
Só nas noites de inverno,
Só para os amigos,
Eu… ser nada ninguém,
Sentado
Dispersamente na tua sombra
Que no delírio da madrugada,
Também ela só,
Também ela infinitamente só…
Se despede de mim!
E num jardim de lírios
Os nossos delírios…
As nossas mãos
Separadas pela escuridão do teu olhar,
O teu olhar que me deseja,
E me aprisiona às tarde de inverno,
A tua boca, um inferno,
Um silêncio de medo…
Eu… ser nada ninguém,
Infinitamente só,
Só para os amigos;
Sentado
À direita de um cachimbo de água!
Luís Fontinha
Alijó