Assassinam-me aos poucos
Espadas em mim
Vozes em silêncio
Lábios perdidos no amanhecer
Converso com as sombras do teu olhar
E no meu corpo habita um pesadelo
Um monstro sem cabeça
Com asas mas não sabe voar…
Está na prisão de uma mão
Do meu corpo também ele sem cabeça
Assassinam-me aos poucos
Os olhos que se agarram aos malmequeres
As andorinhas que sobrevoam a minha janela
Quando as espadas no meu peito
E o meu peito sangra
Geme quando se acende uma luz
Quando espadas em mim
Me assassinam aos poucos
Não sinto a dor
Deixei de ter dor
Sinto apenas o frio do aço
A escorregar nos meus braços
Amarrados ao cortinado
Assassinam-me aos poucos
Espadas em mim
Espadas com dentes
Espadas com olhos
Espadas com uma cabeça
Espadas humanas
Que à minha volta sorriem
E saltitam quando caminho na rua
Também ela entupida de espadas
Em mim
Que me assassinam aos poucos.
FLRF
31 de Março de 2011
Alijó