Vou ao café
fico de pé
procuro na algibeira
a maldita carteira
olho a empregada
meia destrambelhada
tanta gente
porque hoje é feira
procuro na algibeira
a maldita carteira
fico de pé
e não tomo café
contente
enrolo um cigarro
à porta do café
em pé
pego na mortalha
e o canalha
um cabrão ao passar
sem me olhar
(este filho da puta está a fazer um charro)
olho a empregada
meia destrambelhada
(Vou ao café
fico de pé
procuro na algibeira
a maldita carteira)
e o mesmo cabrão
sem coração
o canalha que passou sem me olhar
a murmurar...
(é preciso ter fé)
vai ter fé ao caralho
(porque para tomar café
preciso da carteira
na algibeira)
recheada
como a empregada
destrambelhada.