Vivo num túnel de luz
embrulhado em rosas
vento
e abelhas feiticeiras
vivo entre as janelas
com fotografias para o mar
e ao final do dia
cruzo os braços e um finíssimo fio de tristeza
abraçado às palavras que nunca escrevi
palavras parvas
parvas sem coragem
palavras emersas em cinza
e palavras sem palavras
vivo
embrulhado em rosas
vento
e abelhas feiticeiras
vivo entre janelas
e um túnel de luz
com árvores de papel
e lábios de chocolate
e ao final do dia
cruzo os braços
e alguém encerra os cortinados da alegria
num túnel de luz.