Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

03
Set 12

Submeto-me à inquietação líquida das palavras inventadas

quando deixas cair das tuas mãos

os pequenos silêncios embrulhados em lágrimas de açúcar

 

fico cansado ao escutar os teus murmúrios de insónia

oiço as palavras inventadas suspensas no tecto da solidão

e vejo na abobada celeste os finíssimos sorrisos do final do verão

 

há barcos de papel sobre a imunda minha secretária de madeira morta de incenso

há marés de olhares em todos os livros que li

e possivelmente deixarei de ler

(cansei-me dos livros e das noites sem estrelas de abelhas)

ou então aproveitarei todos os segundos para procurar nas palavras

os búzios invisíveis dos visitantes nocturnos

que me procuram sem que eu perceba que nos seus lábios

existem sílabas de suor com chá e torradas

 

segunda-feira

um dia de “merda” como tantos outros dias de “merda”

 

há cigarros

sobre a minha secretária de papel

onde brincam barcos de madeira

hoje

segunda-feira

um dia perfeitamente estúpido e sem cabeça.

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:36

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