Atravesso o campo de lírios à procura das nuvens de silêncio
que semeei no teu corpo embaciado pelo desejo dos meus olhos tímidos
prisioneiros nos corações de luz organicamente felizes com a cor dos teus cabelos
e dos teus lábios consigo construir um sorriso fingido abraçado a pedacinhos de medo
sinto-o quando a distância se resume a míseros milímetros de solidão
sinto-o quando olhas as minhas mãos de papel embrulhadas em sorrisos de tinta permanente
como a cidade em alvoroço
dentro da cidade sinto-o
o medo que existe em ti
à minha voz
ao meu olhar
possivelmente às minhas palavras sempre escondidas na galáxia do desejo
atravesso o campo de lírios em Outonos longínquos
e antes de dormires um feixe de fios de seda desce sobre o teu leito
embrulham-se nas tuas pálpebras de pétala rosa em pequeníssimas marés de paixão
e entra a noite dentro de ti
(poema não revisto)