Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

17
Set 12

Uma cortina de silêncio

aprisiona-me às mandíbulas das mãos do inferno

disfarçadas

vestidas de rosas de amor

e neblinas matinais com chapéus de solidão

 

tenho vergonha das clareiras cristalinas que abraçam os rochedos do mar

e se amanhã fosse sábado...

um petroleiro de saudade abraçava-se ao meu esqueleto liberto de fumos e memórias da infância

 

de uma velhíssima fotografia eu via os vapores de iodo que comem a madrugada

via as árvores da noite enfeitadas com palavras parvas

e as saliências do meu infestado rosto

como as ervas daninhas das terras do avô Domingos

invisível (o avô Domingos)

inventando cigarros de prata

 

a poesia recorda-me os pedacinhos de amor em simples migalhas de desejo

e eu

e eu começo a odiar a poesia

e o perfume das rosas

e o desejo

e a saudade

e todas as manhãs

depois de todas as noites.

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:07

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