Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

20
Set 12

Há uma estrada de sentido único

que se alicerçou no meu quintal e cresceu e cresceu

cresceu tanto

cresceu até ao céu

e hoje

e hoje vive nos lábios da lua

e ao meio-dia

beija loucamente a estrela polar

 

há uma estrada de sentido único

com vista para o mar

quando os barcos rompem o salgado desejo da tua pele

em pedacinhos de amêndoa

 

(dizes que sou louco)

 

quando escrevo palavras no teu corpo de papel

pintado com sorrisos de sol

e pingos de neblina

antes de acordar o dia

 

quando escrevo as parvoíces na copa das árvores

e os pássaros das tuas tardes abraçada às oliveiras traquinas

suspensos nas cabras e nas ovelhas

coitadinhas

 

(dizes que sou louco)

 

coitadinhas das minhas palavras

quando o papel da tua pele

arde

transpira

evapora-se no meu sexo em cadências extintas na maré dos prazeres...

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:52

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