Às vezes perco-me nos corredores dos arbustos que vivem nos meus olhos de vento
corro em direcção ao mar
e abraço-me aos cristais de prata que a garganta dos barcos enjoados
vomita contra as palavras de miséria
atravesso a ponte
e começo a voar até ao infinito destino da maré
e oiço os gemidos das andorinhas
a construírem a primavera que acordará depois de adormecer o inverno de ontem
às vezes visto-me com folhas de árvore
e bebo a saliva que as lágrimas do céu
deixam cair sobre as montanhas que beijam o rio da saudade
corro
às vezes
em direcção ao mar
mergulho nas planícies cansadas do abismo
antes de adormecer
e encerrar todas as luzes dentro da minha mão
(poema não revisto)