O cadáver de um poema
Exposto sobre a mesa
Nas paredes crucifixos arrogantes
Crucifixos com fome
Das palavras em decomposição
Apodrecidas sobre uma folha de papel
O cadáver
Aos poucos em pó
E do poema apenas a luz do dia
Repartida pelas clareiras da noite
O cadáver de um poema
Que se esconde nas frestas da solidão
Exposto sobre a mesa
Misturado com os óculos embaciados
O poema chora
E das lágrimas soltam-se palavras no fim da tarde
O poema sofre
O poema morre
O cadáver de um poema
Poisa na minha mão
E nas minhas costas
As palavras agarram-se-me nos ossos
Comem-nos ao pequeno-almoço
Fico cadáver como o poema…
FLRF
8 de Abril de 2011
Alijó