Numa tela vazia
nasce a noite vestida de azul
descem do céu os anzóis clandestinos do sorriso
numa tela vazia
vou construindo a minha vida de nada
e no rio cansado que dorme à minha porta
brincam as sombras semeadas pela tua mão perfeitamente cintilante
que a noite vestida de azul ilumina
e transforma em corpo de mulher
azul
perfeitamente cintilante
a noite onde escreves os gritos de revolta
na areia fina e escura
o meu nome alicerça-se nos silêncios de Angola
azul
a noite
fina e escura
em corpo de mulher
numa tela vazia
sem cor
os teus olhos.
(poema não revisto)