Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

24
Nov 12

Há-de crescer um narciso

nas lágrimas de xisto

suspensas no silêncio teu rosto mergulhado em ti

vulcão apaixonado

que da ilha supérflua em círculos de luz

vivem nas ardósias tuas bocas deliberadamente loucas

dos cortinados da melancolia

e eu eu sentia,

 

as palavras tontas

dos oceanos regressos em pedacinhos de nada

amanhece em mim

as ervas daninhas do sofrimento

em dor

ou não

o teu corpo dilacerado entre as mandíbulas assassinas

que a madrugada desenha na areia fina,

 

há-de crescer um narciso

nas lágrimas de xisto

há-de crescer um rio que dentro de ti infinitamente ausente

nas palavras suspensas no silêncio teu rosto mergulhado em ti

e eu eu sentado nas escadas da cidade

contando os barcos invisíveis

que descem a calçada

e se suicidam nas janelas da saudade.

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:03

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