O sincero voo da gaivota adormecida
construída entre os parêntesis da madrugada
infinita noite desgraçada
que a chuva miudinha provoca nas veias da insónia mão dorida
repeliam-se-me docemente os finos pregos do desejo
apaixonados eles às janelas clausuradamente envelhecidas pelo sono da infância
há em mim a esperança melodia sem clemência
das melancias bocas de beijo
que o mar se Março semeia
com as palavras do sonoro silêncio dos teus clandestinos lábios
Em Março sábios
homens hirtos que a solidão vaiada incendeia
há uma candeia
a luz sincera do voo da gaivota
que não volta
não regressa da longínqua cadeia.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó