Poucas palavras despedaçadas que o vento alimentava
tantas linhas transversais encalhadas entre pontes
em ti mergulhadas
tantos barcos afundados
nos mares sofrendo as grandezas do Oceano
tantos e tantos corações aflitos e amargurados
e tantas e tantas mãos amarradas
e sem palavras
Tantos portos de embarque cobertos por um pano
e tantos e tantas pedras perdias nos montes
como os versos sem nome
com fome
uma pobre criança que chorava
corria entre veredas e janelas
como as tuas lágrimas de giz
voando e voando sobre as flores belas
Tantos e tantos voos de perdiz
saltitando dos alicerces nas montanhas ribeira
tantos meus Deus tantos orgasmos de uma só videira
derramando o líquido pelos socalcos do prazer
tantos e tantos versos com amor
e de tantas coisas para dizer
nem dinheiro tenho para uma flor
e escrever
(Deixei de o fazer
deixei de o amar como deixei de dormir e como deixarei de sonhar
tantas tantos e tantas pedras para atirar
contra o poder)
Tantos versos para escrever e chorar
porque tenho noites de sofrer
e dias e dias e dias... sem o saber
que as pontes mergulham nos rios apaixonados
e os mares morrem como os cães acorrentados
às palavras que a tua boca dissimilam e desistem de brincar
na corda bamba ou sobre o tédio de amar
ou debaixo de um barco a apitar.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha