Esta liberdade assusta-me
a de caminhar indefinidamente
das rectas perpendiculares
no centro de um círculo de vidro,
Procuro o quadrado
com um coração rectangular
procuro-me dentro de um cubo de gelo
com gotinhas de água e beijos de mar,
Esta liberdade
assusta-me como me assustam as palavras por dizer
do linear ao caos que as nuvens provocam no meu corpo de arame
e oiço-as nos gritos silenciosos das argamassas do feitiço,
Enlouqueces-me como enlouqueceste os diâmetros do pensamento
duas asas com grandes letras desenhadas
e da liberdade desalinhada
assustada assusta-me caminhar indefinidamente sobre os versos do amor,
Que morra a paixão
e o dizer
e todos os pedaços de cartão
com números e lábios pintados de vermelho com olhos a condizer,
Esta liberdade assusta-me
a de permanecer levemente só entre parêntesis e pontos finais
sem travessões
sem nada mais.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha