Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

10
Mar 13

Esta liberdade assusta-me

a de caminhar indefinidamente

das rectas perpendiculares

no centro de um círculo de vidro,

 

Procuro o quadrado

com um coração rectangular

procuro-me dentro de um cubo de gelo

com gotinhas de água e beijos de mar,

 

Esta liberdade

assusta-me como me assustam as palavras por dizer

do linear ao caos que as nuvens provocam no meu corpo de arame

e oiço-as nos gritos silenciosos das argamassas do feitiço,

 

Enlouqueces-me como enlouqueceste os diâmetros do pensamento

duas asas com grandes letras desenhadas

e da liberdade desalinhada

assustada assusta-me caminhar indefinidamente sobre os versos do amor,

 

Que morra a paixão

e o dizer

e todos os pedaços de cartão

com números e lábios pintados de vermelho com olhos a condizer,

 

Esta liberdade assusta-me

a de permanecer levemente só entre parêntesis e pontos finais

sem travessões

sem nada mais.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:12

Março 2013
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