O menino dá, mamã. O menino dá papa ao bicho, e o menino movido de uma caneta ia atafulhando o bicho de bolachas, o bicho a recusar, e o menino a insistir, e os dentes do bicho em marfim, coitados, a fugirem-lhe da boca semiaberta, e as bolachas em fila de espera para entrarem, e a entrada cada vez mais cerrada, o bicho recusa-se, o menino a insistir, eu a esforçar-me, o menino de caneta apontada, o bicho, o bicho quase adormecido na madeira em pau-preto, três dentes partidos, a cauda lascada, e um crocodilo em pau-preto defeituoso, uma viagem de regresso, Luanda, Lisboa, Trás-os-Montes, e agora descansa da velhice, o menino, esse, escondeu-se na sombra das Mangueiras, eu, procuro no silêncio dos mabecos, o menino, e os dentes de marfim, algures perdidos no cacimbo…
(texto de ficção