Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

06
Abr 13

Um verso desesperado

na tua mão solitária,

um vidro partido

na árvore dos sofrimentos

quando vem a manhã,

e ele ausente

de ti e de mim,

e ele mente

como toda a gente

quando chove torrencialmente

e caiem as estrelas do nocturno Céu

em desassossego,

 

O medo sabe escreve nos olhos da noite

como quando tínhamos os abismos segredos

em planícies de solidão,

agredias os meus tristes olhos

com o rancor das tuas lágrimas,

vestias-te de alegria

e dançavas,

comias,

brincavas sobre o meu corpo esmiuçado

entre os cigarros de tinta da china

que o merceeiro nos fiava,

e um pequeno panfleto de açúcar entranhava-se nas tuas veias...

 

Chegava o carteiro com palavras tuas escritas em papel de arroz

e uma andorinha saltitava no pequenos postal artesanal,

miúdo, pequeno morcego de luz,

e no entanto, vinham os insignificantes plásticos com as sandes

e os carnívoros sons das garrafas de vodka,

era festa lá em casa

bebíamos, comíamos... e dormíamos

e felizmente

sempre tivemos tempo para acordar,

outros

não acordaram nunca

e assim voaram até ao cais dos embalsamados ossos de penicilina...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

06/04/2013 - Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:37
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