foto: A&M ART and Photos
Um vulcão de segredos absorve-te do laminado silêncio
das mortas palavras
que o amor dita enquanto lá fora gotas de orvalho
nascem e morrem
nos olhos da noite,
Procuro-te ensanguentado entre o fumo invisível do teu cigarro
quando ainda passavas horas a fumar
a ler
e a escrever
a amar-me como se ama uma mulher,
A brincar com todas as flores dos jardins da cidade
e te sentavas no cais a contar os barcos que entravam e saiam da barra
com ou sem
tanto faz o destino
ao homem antes de morrer,
Pedias torradas
chá
mais tarde vinha ter contigo um café
onde depois de mergulhares na cafeína incandescente das estrelas de sonhar...
adormecias loucamente nos meus braços finos,
Agrestes
de pele escura e límpida como as algas da madrugada
sentia-te dentro dos meus seios
como se fosses uma nuvem
ou uma esponja com lábios de fim de tarde no cais de Alcântara.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha