foto: A&M ART and Photos
No cinzento mergulho som da tua voz
há poemas em flor
como madrugadas suspensas de mãos em odor
o silêncio amargo da boca em teus anseios
há pontes imaginárias
há medos inultrapassáveis
como travessias sobre os rios da saudade
de estruturas cansadas e distantes marés em sofrimento,
Há dias parvos e tristes e outros são-no como dentaduras em marfim
procurando os esqueletos de veludo
sobre a poeira do amanhecer
há dias como hoje sentido-os no caos fluido até atingir o mar
como um relógio sem pulso
pertencente a um pedaço de braço derramado no xisto falso da manhã...
há seios de arrependimento poemas às palavras derretidas nas formas do silêncio
subindo e descendo paredes de Inverno até regressar a Primavera do teu olhar agreste,
Há fome na tua boca como silvestre framboesa com imagens de infância
uma escola perde-se na penumbra montanha com janelas de vista para o inferno
vestem-se eles com toalhas de linho
e pequenos papeis coloridos
há música no teu coração de granito
quando desço sobre ti perguntando-me onde moram as estátuas de milho
aprisionadas no canastro da aldeia
há... no cinzento mergulho som da tua voz... há, há poemas em flor...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha