Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Ago 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Amávamos-nos como quatro borboletas com asas em papel, tínhamos círculos e quadrados, tínhamos triângulos, tínhamos, amávamos-nos

Quando acordava a manhã, tínhamos sede, bebíamos água salgada, e mergulhávamos num tanque de algas encarnadas, tínhamos a saudade imprimida nas verdes nádegas em doce algodão, e amávamos-nos e beijávamos-nos quando éramos gaivotas, hoje, o que somos hoje, meu amor?

Réstias infiltravam-se nos orifícios das munições perdidas, algumas, até esquecidas, antes mesmo de

Amávamos-nos como serpentes suspensas nos caules tubérculo dos esqueletos de arame, sentá-te vergares-te sobre a sombra do cansaço, gritavas por mim, e nós, as três, na janela da morte, e procurávamos

De?

Cigarros, pedaços de madeira e fósforos já usados,

E

De?

Amávamos-nos como correntes de água descendo o corpo teu, nosso, meu, e teu, de nós as três

Quatros?

E

De nós as três vestidas com tecido branco, puras e imaculadas, inocentes como as andorinhas antes de acordar a Primavera, e brevemente alguém

Loucas, elas,

Loucas...

Nós, loucas?

Amávamos-nos como quatro borboletas com asas em papel, tínhamos círculos e quadrados, tínhamos triângulos, tínhamos, amávamos-nos entre triângulos, amávamos-nos entre quadrados, sentadas sobre o cosseno, a Teresa... deitada

Onde, minha querida?

Deitada sobre a tangente de três pi radianos, coitada, e adormeceu, e vomitou toda a trigonometria, e nada

Querida, sim, diz-me porquê?

Porquê o quê, porquê?

E nada, nem o círculo trigonométrico resistiu à queda livre do amor quando este

Deitada sobre a tangente de três pi radianos, coitada, e adormeceu, e vomitou toda a trigonometria, e nada

Querida, sim, diz-me porquê?

Porquê o quê, porquê?

Quando este se atirou do nono andar, havia uma viga metálica, havia três corpos submersos no silêncio das pequenas gotículas de suor, os vossos corpos

Entrelaçados como malhasol... e vomitou toda a trigonometria, e nada

Querida, sim, diz-me porquê?

Porquê o quê, porquê?

Quê...

Porquê, Gabriela?

Não o sei, minha querida, não o sei...

Vi, e havia serpentes, havia aço, havia corpos, corpos beijando-se na penumbra noite de Agosto, e depois, davas-me a mão, e eu, eu ficava-te com os teus lábios durante toda a noite, inventávamos horários nocturnos e as nossas noite

Trinta e seis horas, o tempo necessário para saborear os teus lábios, os dela, os nossos lábios... e tu, Gabriela?

Eu o quê, Teresa?

Nada, nada... querida Virgínia... nada,

Porquê, Gabriela?

Não o sei, minha querida, não o sei...

 

(não revisto – ficção)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 13 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:32

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