Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

19
Abr 11

(à in-perfeita)

 

A cidade perdida nas ruas embaciadas de lágrimas

O silêncio penetra entre as paredes de uma sombra

E a sombra tem voz

E da sombra acorda a imensidão de um olhar

 

Um poste verga-se na ruela da saudade

E uma casa geme na noite

Quando acorda o sorriso

De uma janela virada para o mar

 

E nas ondas vergam-se velas de um veleiro

Esquecido na maré do dia anterior…

Está vento

E a fome emerge nas mãos de quem trabalha

 

Nos olhos onde a cidade se perde

E a cidade brinca

Com os braços de uma roseira

E a cidade aos encontrões nas lágrimas de quem chora

 

Embaciada numa ardósia onde se amontoam sílabas

Infinitas nas encostas da montanha

Ao longe

Muito longe dorme a cidade.

 

 

FLRF

19 de Abril de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:29

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