(à in-perfeita)
A cidade perdida nas ruas embaciadas de lágrimas
O silêncio penetra entre as paredes de uma sombra
E a sombra tem voz
E da sombra acorda a imensidão de um olhar
Um poste verga-se na ruela da saudade
E uma casa geme na noite
Quando acorda o sorriso
De uma janela virada para o mar
E nas ondas vergam-se velas de um veleiro
Esquecido na maré do dia anterior…
Está vento
E a fome emerge nas mãos de quem trabalha
Nos olhos onde a cidade se perde
E a cidade brinca
Com os braços de uma roseira
E a cidade aos encontrões nas lágrimas de quem chora
Embaciada numa ardósia onde se amontoam sílabas
Infinitas nas encostas da montanha
Ao longe
Muito longe dorme a cidade.
FLRF
19 de Abril de 2011
Alijó