Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

03
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

acreditava nas palavras embalsamadas das tuas mãos de sílaba adormecida

tínhamos uma ponte em madeira quando entrava a noite no túnel do desejo

e dentro de nós

uma fogueira vagabunda

suja

… imunda

caminhava até que a Lua desaparecia no silêncio vestida em candeeiros a petróleo

fumávamos as letras de um distante alfabeto

inaudível

incompreensível...

como são as janelas do teu irreal olhar

depois de derreterem os cortinados de porcelana

 

imaginava-te louca sentada numa cadeira de lágrimas

imaginava-te voando sobre a cidade encurralada nos cadeados de aço

imaginava-te

… imunda

suja

uma fogueira vagabunda

correndo pelas arcadas do magnetismo sofrimento

que fazem das paredes de gesso esqueletos doridos

há pregos que rompem as nuvens dos telhados de vidro

e acreditava nas palavras... de sílaba adormecida...

e dentro de nós

um foguetão de areia semeado no quintal da infância

 

havia cavalos saltitando no zinco das traseiras vizinha

havia uma varanda com dentes de marfim

e lábios de seda que o mel abelha deixou sobre a cortiça madrugada

e eu

acreditava

e tu

acreditavas

nas palavras pertencentes ao nosso alfabeto

imaginava-te

… imunda

suja

uma fogueira vagabunda em gotinhas de suor...

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

quinta-feira, 3 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:52

Outubro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO