foto de: A&M ART and Photos
não sei como és
não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor
não entendo a tua presença nas andorinhas em flor
não o sei
como és
ou... se o és
também
tu
uma flor
não sei como és
nuvem
ou simples pedaço de xisto
não como és
não percebo o porquê dos teus sete pecados mortais
das avenidas embainhadas
nas madrugadas
como és
ou se... és o que eu acredito que o sejas
uma gaivota disfarçada de veleiro
muitas fotografias esquecidas nos jornais
e no entanto
não sabendo como és...
acredito nos espelhos com abraços em aço Janeiro
não como o és
mas... seres o vento
uma janela mal fechada
um pérfido edifício em ruínas
como tu
eu
o és...
somos esqueletos vagabundos mergulhados no mosto cerâmico da paixão
mas... seres o vento
o amanhecer construído por jangadas de vidro
montanhas encarnadas
ribeiras
feiticeiras
ou... simples palavras
adornadas nas esquinas prateadas
não sei
como
o
és
não percebo as acácias em flor
os julgamentos complexos por aviadores com capacetes de cartão
escrituras
letras e letras e uma mão sobre o teu rosto envenenado pela insónia
não sei como és
não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 8 de Outubro de 2013