Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

08
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

não sei como és

não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor

não entendo a tua presença nas andorinhas em flor

não o sei

como és

ou... se o és

também

tu

uma flor

não sei como és

nuvem

ou simples pedaço de xisto

 

não como és

não percebo o porquê dos teus sete pecados mortais

das avenidas embainhadas

nas madrugadas

como és

ou se... és o que eu acredito que o sejas

uma gaivota disfarçada de veleiro

muitas fotografias esquecidas nos jornais

e no entanto

não sabendo como és...

acredito nos espelhos com abraços em aço Janeiro

não como o és

 

mas... seres o vento

uma janela mal fechada

um pérfido edifício em ruínas

como tu

eu

o és...

somos esqueletos vagabundos mergulhados no mosto cerâmico da paixão

mas... seres o vento

o amanhecer construído por jangadas de vidro

montanhas encarnadas

ribeiras

feiticeiras

 

ou... simples palavras

adornadas nas esquinas prateadas

não sei

como

o

és

não percebo as acácias em flor

os julgamentos complexos por aviadores com capacetes de cartão

escrituras

letras e letras e uma mão sobre o teu rosto envenenado pela insónia

não sei como és

não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 8 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:09

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