Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

23
Nov 13

foto de: A&M ART and Photos

 

os triângulos insectos que o sofrimento padece

quando lhe pertencem as tuas mãos de andorinha selvagem

os senos inventados dos lábios em engrenagens que à tua boca atracam

e se afundam como serpentes cordas em nylon emagrecido que a madrugada alimenta

os triângulos insectos que se alicerçam ao teu peito

bebíamos pétalas de silêncio em efusão de sílabas desastradas como pedras de calçada...

havíamos roubado todos os barcos naufragados das avenidas embriagadas

entravam em nós marinheiros e meninas de mini-saia doirada com círculos encarnados

pensávamos que era o rosto da lua

mas a lua nunca foi encarnada

mas a lua nunca pertenceu aos barcos envergonhados das avenidas embriagadas...

então?

 

(os cossenos dos teus seios dentro de tristes equações diferenciais

depois

havíamos roubado todos os barcos naufragados das avenidas embriagadas

e ficávamos com as tangentes do sofrimento que sobejavam das flores do medo...)

 

então

então pensávamos que o seno hiperbólico da saudade vivia no mesmo quarto que os beijos cansados

dos triângulos insectos em teus cabelos mergulhados na geada cristalina da montanha dos peixes...

então...

então víamos o regresso da paixão em ensonadas linhas paralelas

então...

ouvíamos os uivos grunhidos dos corpos em movimento uniformemente acelerado

parávamos em frente aos telhados de zincos dos guindastes da pobreza...

então...

então percebíamos que as palavras escritas nos quadriculados cadernos...

eram os encarnados círculos disfarçados de cossenos parvos

disfarçados de senos loucos que a trigonometria inventou para nós...

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 23 de Novembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:55

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