foto de: A&M ART and Photos
o papel tua pele que se entranha na madrugada
a canção do menino triste esconde-se entre os arbustos loucos da despedida
o salário emagrece os seios das meninas de leite
e o menino não tem medo do silêncio amanhecer
o papel estremece e arde
e a fogueira dos teus sorrisos parece a chuva violenta das tardes em tempestade
vadias e tristes
tristes.. e emagrecidas mulheres de areia na tua pele anelar que a solidão tece como velhas teias de aranha
tua doce lâmina de papel que um calendário come e vomita nas gotículas negras do suor em suaves prestações de desejo
abraço-te
não
é proibido abraços e beijos e...
pontapés em sílabas mortas
doentes
ou... envenenadas
o cheiro a mofo sai da minha algibeira
o dinheiro em pequenos esqueletos de vidro... simplesmente se derretem como cubos de chocolate...
há farturas
churros e guardanapos nus com braços em prata
a roulote engana-se no pavimento
e desaparece no corredor da morte
há flores à tua espera
há uma lápide de prazer deitada num divã menstruado...
e... e o papel tua pele que se entranha na madrugada
não é mais do que pequenas partículas de sémen desproporcionais que uma equação diferencial alimenta
vive
vive só como vivem os pinheiros esquecidos na montanha do destino...
come-me enquanto durmo
e sonho com janelas pinceladas de verniz
com telhados de cinza
e ardósias...
e o meu nome
o meu nome desenhado a giz
a senhora professora diz que é banal a paixão dos lábios siderais das mangueiras ensanguentadas
há masturbação em grupo na sala da saudade
e... e os beijos proibidos... proibidos são... como o papel de parede gritando LIBERDADE.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de Dezembro de 2013