Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

04
Jan 14

foto de: A&M ART and Photos

 

enlouqueço como os ramos cansados da amoreira

evaporam-se no vento agreste que traz a tempestade de areia

vomita barcos e caravelas e mulheres de porcelana

belas às vezes... feias quando os charcos lamacentos do abismo estão sobre o mar...

mulheres que fogem das nuvens invisíveis dos doces torrões de açúcar

enlouqueço

vivo fingindo viver

e escrever fingindo que escrevo

não escrevendo...

… nada

absolutamente... nada

porque odeio as canetas de tinta permanente

 

porque deixei de guardar as velhas folhas em papel amarrotado...

velho

porque... queimei os dedos do teclado da máquina de escrever

ainda oiço os sons magoados das sílabas em sangue...

e enlouquecido... sinto-me um iceberg perdido na espuma tranquila do silêncio medo

procurando travessões longos de madeira firme

palavras

tristes palavras

das cadeiras da sala de jantar...

oiço e choro

perco-me não percebendo que do pavimento da paixão

acordam os laços de nylon dos mastros enferrujados.

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 4 de Janeiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:41

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