Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Abr 11

Nas sílabas a minha boca suspensa

Na escuridão da tarde

E as palavras em pergaminhos

Das palavras onde vogais teimosas

 

Poisam nos meus olhos

Vagueiam dentro do meu peito

À procura dos livros da noite

Que se passeiam nas ruas da cidade

 

Oiço a tua voz sonâmbula

Na esquina junto ao rio

No sorriso de uma gaivota

Que dorme debaixo de um cartão

 

Pede esmola

E ninguém ninguém olha para ela

Nos passos apressados dos transeuntes

Que regressam do trabalho

 

Está escuro e vai chover

E a gaivota desordenada

Nas palavras que se escondem nas vogais

E brincam nas sílabas

 

Nas sílabas a minha boca suspensa

Na escuridão da tarde

Sei que tenho uma cabeça sobre os ombros

Mas sinto-a tão distante

 

Tão longe de mim

Tinha asas e as minhas asas voaram

No sorriso do vento

Foram com a tempestade

 

E agora também eu peço esmola

De mão dada com a gaivota

Também eu durmo debaixo de um cartão…

E ninguém ninguém olha para nós.

 

 

Luís Fontinha

29 de Abril de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:51

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